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A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO ENTRE O FUNCIONALISMO E O
PÓS-MODERNISMO: OS TEMAS E OS PROBLEMAS DE UMA TRADIÇÃO
Tomaz Tadeu da Silva*
A Sociologia da Educação é hoje um campo tão fluido e tão indeterminado que qualquer tentativa de apreender-lhe as principais perspectivas de análise e temas de pesquisa torna-se bastante difícil. Embora boa parte dos estudos e pesquisas em educação reivindique a utilização de alguma perspectiva sociológica, poucos pesquisadores, sobretudo no Brasil, realmente se identificam como fazendo Sociologia da Educação. Que campo científico, então, é este, ao mesmo tempo tão onipresente e tão pouco assumido como tal? É objetivo deste artigo traçar-lhe alguns dos contornos, mapear algumas de suas principais rotas, detectar seus temas de preferência, sem pretender descrever o desenvolvimento e a evolução da disciplina (para isto remetemos o leitor ao artigo de Maria Alice Nogueira, neste mesmo número do Em Aberto e a alguns dos artigos que aparecerão no número 3 da revista Teoria & Educação, especialmente dedicado ao tema Sociologia da Educação. Estaremos limitados aqui a uma síntese de como se apresenta a situação neste campo hoje.
Sociologia da Educação: uma ou várias?
Aquilo que hoje consideramos como sendo Sociologia da Educação está tão identificado com um referencial crítico dos arranjos sociais e educacionais existentes, principalmente no Brasil, que se torna difícil pensar que este nem sempre foi o paradigma dominante e que ainda não o é em países como os Estados Unidos, por exemplo. É muito difícil traçarlhe a origem e a consolidação. Mas seja lá onde as situarmos, vamos encontrar uma disciplina acadêmica altamente envolvida numa aceitação
Professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Em Aberto. Brasília, ano 9. n 46, abr. jun. 1990
e numa justificação da ordem existente Este é o caso, se remontamos sua fundação a Durkheim, por exemplo, que tinha uma avaliação altamente positiva da relação entre