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ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO EM GRUPOS
AUTOGERENCIÁVEIS NA PRODUÇÃO
Na primeira parte do presente Capítulo serão apresentadas, de forma geral, as duas abordagens que deram origem ao conceito de organização do trabalho em grupos que se autogerenciam: o enfoque sociotécnico e o modelo japonês, enfatizando suas principais características. Na segunda parte, procurar-se-á traçar algumas considerações acerca da concepção e implantação desses grupos.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0312517/CA
2.1
Abordagem sociotécnica
A questão da autonomia para trabalhadores de chão-de-fábrica surgiu com o conceito de grupos semi-autônomos na produção, enunciado pela Escola
Sociotécnica. A teoria foi desenvolvida a partir da observação de dois tipos diferentes de organização do trabalho para uma mesma tecnologia adotada.
2.1.1
Origem
Na década de 50, como relata Trist (1981), após a segunda guerra mundial, as minas de carvão foram consideradas de fundamental importância para a reconstrução industrial da Inglaterra. Assim, visando a aumentar a produtividade do setor, as minas passaram por um processo de mecanização. Contudo, ao contrário do que se esperava, o setor apresentou uma série de problemas como baixa produtividade, desmotivação dos trabalhadores e elevados índices de absenteísmo e turnover. O Governo, preocupado com o desenvolvimento do setor, solicitou o apoio de pesquisadores do Tavistock Institute para realização de um estudo sobre a relação entre o moral dos empregados e a produtividade.
A idéia predominante na época era a de que a tecnologia implantada determinava o tipo de organização do trabalho e, seguindo essa lógica, o modelo de organização que melhor se adaptava à mecanização adotada seria a
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administração científica proposta por Taylor (1911), ou seja, o tipo de organização que estava prevalecendo nas minas. No entanto, os pesquisadores observaram que em uma mina, a Haighmoor, havia um tipo de organização do trabalho diferente do que estava sendo adotado na