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Maio de 2012 - Nº 11De Alima a Xilim: a memória ancestral e o colonialismo no romance Portagem, de Orlando Mendes
Clauber Ribeiro Cruz1
RESUMO: este trabalho analisa os traços da ancestralidade no espaço da memória a partir da resistência em meio à situação colonial vivenciada por Moçambicanos nas décadas de 60 e 70 do século XX. Para isso, o romance Portagem (1966), do escritor moçambicano Orlando Mendes
(1916-1990), mostrará como a ancestralidade, junto ao espaço colonial, se posiciona dentro do processo de formação da literatura e da sociedade moçambicana.
ABSTRACT: this paper analyses the ancestral setting of memoir and its resistance in the colonial situation lived by Mozambique in the 60’s and 70’s of the 20 th century. Thus, the novel
Portagem(1966), written by the Mozambican writer Orlando Mendes (1916-1990), is going to present how the ancestry, combined with the colonial setting, is going to behave itself on a process of the Mozambican literature formation and its society.
PALAVRAS-CHAVE: Memória; Espaço ancestral; Exílio; Literatura Moçambicana; Portagem.
KEYWORDS: Memoir; Ancestral setting; Exile; Mozambican literature; Portagem.
Escrito na década de 50, mas só publicado em 1966, o romance
Portagem, do escritor moçambicano Orlando Mendes(1916-1990), segundo o próprio autor, é um “velho romance de um tempo que nem calado se podia pensar em nossa vida” (MENDES, 1966, p.2). O espaço de tempo entre a criação da obra e a sua publicação, por volta de 16 anos, acontece devido à colonização portuguesa em Moçambique que submeteu a população nativa ao árduo trabalho escravo, deixando-a sem voz ativa diante das escolhas do colonizador. Assim, conforme cita Orlando Mendes, a época do colonialismo em Moçambique tanto repreendia a população quanto às publicações dos velhos romances, pois pensar sobre a vida e escrever sobre ela, certamente,
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¹Clauber CRUZ, Mestrando(UNESP-FCL/Assis)
E-mail: clauber.ribeiro@hotmail.com
Revista Crioula – nº 11 – Maio de 2012