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V. 2, n. 1, jan.-jun. 2011
Revista do Mestrado em Letras Linguagem, Discurso e Cultura - UNINCOR
ISSN 1807-9717
CINEMA E LITERATURA: mediações em “Bonitinha, mas ordinária”
Elen Duarte MIRANDA e SILVA1
Resumo: A partir de um intenso movimento de metamorfoses técnicas e narrativas, o cinema passou de seu estado inicial de mero copiador da realidade à categoria de arte e vem estabelecendo uma forte e íntima relação de diálogo com a literatura. É a partir dessa relação que o destaque dessa pesquisa consiste em uma análise sobre a literatura dramatúrgica de
Nelson Rodrigues e sua respectiva adaptação pelo cinema de Braz Chediak, com ênfase no trabalho em parceria entre escritor e cineasta: Bonitinha, mas ordinária: até que ponto o filme se subordina ao texto? Há inventividade na inscrição cinematográfica de Braz? Qual o teor criativo da narrativa do cineasta? Em que instância o filme foi produzido? Qual a tendência estética adotada pelo diretor? Essas questões são desvendadas através da colaboração teórica de Roland Barthes, Ismail Xavier, Sábato Malgadi e Robert Stam, bem como alguns outros estudiosos que pensam cinema e literatura e entram em cena para adensarem a análise feita sobre o objeto colocado em foco.
Palavras-chave: Cinema. Literatura. Adaptação.
Partindo do meu interesse por cinema, pelo encantamento diante da linguagem de
Nelson Rodrigues bem como da admiração pela pessoa de Braz Chediak, cheguei rápido em
Bonitinha, Mas Ordinária: filme de grande popularidade do cinema nacional da década de 80.
O filme readaptado da peça Otto Lara Resende ou Bonitinha, Mas Ordinária trata tão igualmente como no texto de uma estória que expõe a miséria moral de uma família da alta sociedade: Maria Cecília, a jovem filha de 17 anos é supostamente estuprada por cinco negros. O pai da menina, doutor Werneck, para limpar a honra da filha, decide casá-la o mais rápido. O marido escolhido pelo pai é Edgard: um simples contínuo que trabalha em sua
empresa.