5 anos em 50
Junho. Marcado pelo inicio do inverno, festas de São João, dia dos namorados e muitas outras datas, é um dos meses mais movimentados do ano, pois além de feriados também é uma preparação para o merecido descanso do meio do ano. Nos anos de 1968 e 2013, no entanto, o mês de junho foi muito mais do que os 30 dias usuais: os brasileiros fizeram suas vozes serem ouvidas por todos àqueles que se recusavam – ou não – a escutar o povo. Seja lutando contra a Ditadura Militar ou para a diminuição de R$ 0,20 na passagem do transporte público – que, após um tempo, não era mais a unica reivindicação – ambas tem muito mais em comum do que apenas o período em que aconteceram, mas o direito de expressão. A luta por esta liberdade vem marcando todos os anos, mas não com tanta força como as duas datas demostraram. “Eu estive lá. A Passeata dos Cem Mil foi um marco para mim, porque vi nomes conhecidos entre os comuns e isso me deu força durante o tempo que marchei com o povo. Vi Milton Nascimento, Chico Buarque e Clarice Lispector gritarem o mesmo lema que eu e isso foi extraordinário.” Relembra Gilson Gomes, 68, que era estudante de Direito da UFRJ. Ele também conta que sentiu muito o impacto que as lutas contra a ditadura tiveram dentro da Universidade e, principalmente, nos alunos. E ainda acrescenta a preocupação de seu pai quanto a ele estar sozinho no Rio de Janeiro. “Meu pai me ligava todo dia, mesmo não tendo telefone em casa na época. Ele tinha muito medo de eu ter sido preso.” O movimento que reuniu cem mil pessoas nas ruas da Cinelandia no Rio de Janeiro no dia 26 de junho de 1968, foi um marco na história que veio a se repetir nas ruas de todo o país nas Jornadas de Junho, no ano passado. Seu caráter, mesmo que não tão politizado, assemelha-se ao cenário reconhecido em 68. O posicionamento da mídia enquanto ambos acontecimentos foi praticamente o mesmo, apesar do afrouxamento da censura ao longo dos anos: sempre omitindo os fatos e os moldando