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APONTAMENTOS SOBRE INFÂNCIA, CULTURA E
EDUCAÇÃO
Rita Marisa Ribes Pereira1
RESUMO
O que está em jogo quando oferecemos brinquedos às crianças? Que concepções e projetos de infância, cultura, sociedade e educação estão envolvidos na produção e na circulação de brinquedos? Que critérios levar em consideração quando escolhemos um brinquedo? Há critérios diferentes para a aquisição de brinquedos no contexto escolar e fora dele? É em torno de questões como estas que se desenvolve o presente texto, cujo objetivo é convidar o leitor a um olhar cuidadoso e nada apressado aos brinquedos que temos ao redor. A intenção é buscar neles, enquanto objetos culturais, tanto sua linguagem pedagógica, quanto a história das relações sociais envolvidas na sua produção e circulação. O texto busca inspiração teórica Walter Benjamin e na original atenção que o filósofo alemão, em sua obra, dedica às crianças e aos seus brinquedos.
Palavras-chave: Infância, Cultura, Brinquedos, Educação.
O que faz de um objeto, um brinquedo?
Dentre as muitas possibilidades de responder a esta questão, duas nos ajudam a mapear a reflexão a que este texto se propõe. Uma primeira refere-se a tudo aquilo que as crianças, na ação do brincar, transformam em objeto de sua brincadeira: pedrinhas viram tesouros, pedacinhos de madeira viram avião, tampas de panela viram direção de carro ou arcos que giram pelo chão. Mesmo os brinquedos já convencionais experimentam uma nova existência não planejada em sua função original. Ou, então, as próprias crianças convertem-se, a si mesmas, em objeto: porta, avião etc. Observar com atenção tais construções imaginárias em muito nos ajuda a melhor compreender as crianças e os processos cognitivos, sociais e afetivos envolvidos na atividade do brincar.
Tal observação fornece pistas, ainda, sobre a importância que pode ter a presença dos adultos – pais ou professores – nas brincadeiras infantis e sobre a necessária sensibilidade para saber