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4985 palavras
20 páginas
Observações sobre a reificaçãoAxel Honneth*
Com o pequeno livro, publicado sob o título Reificação, eu pretendia colocar em destaque a herança da teoria de Marx de uma maneira nova, não desgastada. Já há alguns anos eu tinha a convicção de que a recepção de sua obra no século 20 havia enveredado por duas tendências igualmente falsas: de um lado, havia aqueles intérpretes que tentavam adaptar sua teoria essencialmente ao protótipo das ciências sociológicas normais; dos seus escritos, portanto, apenas deveria subsistir aquilo que satisfizesse as exigências explicativas que hoje são feitas para qualquer conceito da mudança social e da integração social. Por outro lado, já se havia divulgada desde o período inicial da social-democracia a tendência de reconhecer na teoria de Marx sobretudo uma crítica moral do capitalismo; aquilo que, por conseguinte, segundo esta tradição, deveria subsistir de seus escritos era essencialmente o propósito ético de denunciar as situações dadas de injustiça ou de exploração.
Lá onde nos últimos anos ainda se ouvia falar de Marx nas ciências humanas, geralmente pode ser encontrada uma destas duas tendências interpretativas: ou a teoria é compreendida como um conceito da explicação materialista dos processos sociais de desenvolvimento, como em Althusser e seus seguidores, ou ela é interpretada, tal como freqüentemente no marxismo analítico, como uma tentativa promissora de crítica ética ao capitalismo. Eu, porém, desde o início estava convencido que as duas tradições interpretativas compreendem mal o verdadeiro cerne do empreendimento teórico de Marx: os conceitos
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Doutor e livre-docente em Filosofia, professor na Universidade de Frankfurt e diretor do Instituto para Pesquisa Social. Principais publicações: Luta por reconhecimento
(Editora 34), Verdinglichung (Reificação) (Suhrkamp). Este texto, ainda inédito, foi escrito para ser posfácio à edição francesa do livro Reificação. Tradução: Emil
Sobottka e Giovani Saavedra.
Civitas
04.