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(Alguns) quadros teóricos da Psicologia Comunitária
ANTÓNIA PRATAS FERNANDES (*)
INTRODUÇÃO
A Psicologia Comunitária nasceu, oficial- mente, em Boston nos Estados Unidos em 1965, aquando de um congresso para analisar a forma- ção dos psicólogos para os serviços de higiene mental. Se até então, a perspectiva comunitária se identificava, quase exclusivamente, com a hi- giene mental e a psiquiatria social, a partir desta data individualizou-se a Psicologia Comunitária como uma área autónoma e definida como «uma tentativa para compreender e melhorar a quali- dade psicológica das relações homem-ambiente. Não se limita a uma perspectiva de reabilitação individual, mas alarga o campo de interesse da psicologia à promoção da competência e da ca- pacidade das organizações sociais em apoiar os indivíduos» (Spielberger & Iscoe, 1972: 6).
Um dos factores preponderantes para o nasci- mento da Psicologia Comunitária foi a insatisfa- ção crescente pelo modo como eram geridos os serviços de higiene mental e de como estes eram distribuídos. Estudos efectuados mostraram o ca- rácter não terapêutico e o clima de violência em torno do doente mental (Stanton & Schwartz,
(*) Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Beja.
1954; Goffman, 1961), a desigualdade na distri- buição dos serviços e, sobretudo, o tipo de trata- mento oferecido, não relacionado com o dia- gnóstico, mas fortemente correlacionado com a classe social do paciente (Hollingshead & Red- lich, 1958).
Outro elemento relevante, de carácter legisla- tivo e financeiro: em 1955 o congresso nomeou uma comissão conjunta para estudar o problema da doença mental e os recursos existentes no âmbito da higiene mental. Em 1962, o relatório final salientou a relevância desta problemática, os limites das modalidades de tratamento, e sub- linhou a importância da comunidade como um recurso terapêutico potencial. Em 1963 é apro- vada a lei Community Mental