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Maria Alice de Oliveira Faria
Com Castro Alves, como ocorre com outros autores de nosso romantismo, a questão de influências de escritores estrangeiros não vai muito além de contactos superficiais. A intensidade do desejo de imitar e mesmo de superar, nunca chegou a uma verdadeira penetração e menos ainda à assimilação
(positiva ou negativa) desses autores, mal atingindo, em alguns casos, o aproveitamento de sugestões. As causas deste desencontro foram múltiplas e também se manifestam no caso de Castro Alves: diferença de formação, de sociedades, de maturidade cultural e outras.
Aquilo que poderíamos chamar de presença de Musset na poesia de Castro Alves é um bom exemplo dessa impossibilidade de comunicação com os românticos franceses, conforme ocorreu no Brasil no século X I X .
Trata-se de uma presença fácil de se rastrear e que se faz sentir na obra num período determinado e coerente — entre 1868 e 1871 —, nos quatro últimos anos de vida do poeta brasileiro.
Esta presença revela, por outro lado, uma leitura pessoal de Musset por parte de Castro Alves, e que o leva a escapar, parcialmente, aos estereótipos a que Musset ficou prisioneiro no Brasil. São definidos pela interpretação-tradução de Rolla, feita por Álvares de Azevedo vinte anos antes e que reduzia
Musset à "sombra mais sublime de Byron". As diversas alusões a Rolla, algumas epígrafes tomadas ao poema e também, em parte, as traduções que fez de Musset (em particular do poema Octave), atestam na sua poesia a presença de um Musset desfigurado pelo byronismo brasileiro. Mas, em outros poemas, epígrafes, traduções e algumas sugestões, mostram que Castro Alves escolheu temas bem definidos na obra de
Musset, que fogem aos estereótipos mencionados acima.
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Ao lado do indefectível Rolla e sua descendência, parece que Castro Alves preferiu os poemas de adolescência de Musset, onde este estampou certa crueza nas descrições de cenas amorosas e alguns poemas de