20OportuguesdoBrasil
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O Português do Brasil: a constituição de uma língua nacional1[1]Dalva Del Vigna2[2]
Universidade Católica de Brasília
Falar do Português do Brasil e da constituição de uma língua nacional é falar de história, no sentido de que os sujeitos falantes não estão soltos no mundo, mas pertencem a um mundo historicamente localizado e discursivamente determinado. Um mundo em que a vida, seja social, cultural, política ou lingüística, pulsa no ritmo da história.
Pensar sobre o Português do Brasil é pensar sobre as condições históricas em que a língua portuguesa trazida de Portugal se insere ao aqui chegar. Pensar o Brasil e a língua nele falada remonta-nos aos primeiros encontros aqui produzidos. Primeiros encontros que iniciarão a constituição de um novo povo e de uma nova língua.
Pensar o Português do Brasil é pensar também o encontro entre a língua portuguesa e as línguas africanas vindas com os escravos, bem como o encontro entre essa língua portuguesa do Brasil e as línguas dos imigrantes europeus e asiáticos que para cá vieram um pouco mais tarde. Nesse texto, no entanto, restrinjo-me a pensar sobre o encontro entre a língua portuguesa e as línguas indígenas.
Segundo Rodrigues (1986) “é provável que na época da chegada dos primeiros europeus ao Brasil, o número das línguas indígenas fosse o dobro do que é hoje (cerca de
170)” e ainda Rodrigues (1998) "o número de línguas minoritárias que vizinhavam com o tupinambá na porção oriental alcançada pelos europeus no século XVI era muito grande".
Isso sem falar nas línguas existentes nas porções não alcançadas por eles. Então, à época do descobrimento, encontramos a terra de Vera Cruz habitada por milhões de indígenas, com uma vasta variedade cultural e lingüística. Nesse contexto se insere a língua portuguesa.
Contexto marcado por povos e línguas diferentes, aos quais é preciso se impor e dominar para que se obtenha um imaginário de uniformidade. Nos séculos XVI e XVII nos é apresentado, por historiadores, um Brasil