2015311 11049 LiberdadeModerna
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IMPASSES E DESAFIOS DA LIBERDADE MODERNAO processo da Ilustração, inaugurado pela modernidade, apresentou-se como um projeto de libertação que pretendia tirar o ser humano da sua menoridade quanto à razão e levá-lo à maioridade da autonomia. Libertá-lo do determinismo da natureza e introduzi-lo no reino da liberdade, pelo qual a pessoa dá a si mesmo a lei que a rege e não a recebe imposta de fora. Assim, a liberdade é compreendida como um apanágio da consciência e identifica-se com a autonomia. Por isso para uma compreensão adequada da liberdade na mentalidade atual, é necessário situá-la no paradigma da modernidade.
1. O paradigma da modernidade
A modernidade caracteriza-se, antes de mais nada, pelo enfraquecimento dos laços grupais e pelo surgimento do indivíduo. Na mentalidade tradicional a identidade do ser humano era dada pela comunidade. Ele não tinha representação fora do seu grupo; os laços comunitários é que o constituíam como sujeito. O enfraquecimento dessa dependência, facilitada pelos poderes que a modernidade foi colocando nas mãos do sujeito, possibilitou a emergência do indivíduo autônomo. O indivíduo moderno caracteriza-se por aquilo que o diferencia dos demais e não por aquilo que o identifica com o seu grupo. O individualismo, como dinamismo cultural de independência e autonomia, incentivou a busca da originalidade do sujeito e valorizou o ideal da autenticidade de cada um. Cada indivíduo é convidado a ser original e autêntico na sua expressão. Ser indivíduo identifica-se com ser autônomo.
O individualismo tem, na autonomia, sua força propulsora. A consciência de ser indivíduo autônomo possibilitou a emergência da consciência da dignidade de cada ser humano. Cada indivíduo é digno em sua originalidade, porque tem a tarefa de auto-constituir-se como sujeito através do exercício da sua existência. Assim, o individualismo cultural moderno está baseado em três categorias fundamentais: a autonomia da consciência, a originalidade singular