20 Augusto Rodrigues Trabalho Faculdade Hit Ria
DE D. JERÓNIMO OSÓRIO. ASPECTOS FILOLÓGICOS
MANUEL AUGUSTO RODRIGUES
Como escreveu alguém, o livro dos Provérbios constitui o caso mais típico da literatura sapiencial de Israel. Como sabemos, esse género literário — o sapiencial — abrange os livros de Job, Provérbios, Eclesiastes, Eclesiástico e Sabedoria.
O Cântico dos Cânticos não pertence ao grupo dos livros sapienciais. Mas não é de esquecer que também noutros livros bíblicos perpassa a temática sapiencial, como em certas partes de Tobias e de Baruch e em alguns Salmos.
A literatura sapiencial foi cultivada em todo o Próximo Oriente Antigo, sendo de destacar a Mesopotâmia (Assíria e Babilónia) e o Egipto. Trata-se de uma literatura profana e prática (não teórica), como sucedeu mais com os gregos.
Era de carácter prático, a partir da experiência. Era uma arte de bem viver e a sua concretização um sinal de boa educação.
O texto mais antigo sobre a Sabedoria de Israel encontra-se em 1 Reis, 5,10:
«A sabedoria de Salomão foi maior do que a sabedoria de todos os filhos do Oriente e do que toda a sabedoria do Egipto». Eram célebres os sábios árabes e edomitas
(Jer. 49, 7; Bar. 3, 22-23; Ab.9). Os Provérbios contêm as palavras de Agur
(30, 1-14) e as de Lemuel (31,1-9) — ambos de Massa, uma tribo do Norte da
Arábia (Gén. 25, 14).
As obras literárias de Israel emergem da mesma, área geográfica. Estamos no mesmo ambiente que conheceu o aparecimento de uma rica tradição sapiencial.
Deve acentuar-se que na literatura sapiencial não são abordados os grandes temas bíblicos da Lei, da Aliança, da Eleição, da Salvação. Nem se depara com a preocupação de traçar a história de Israel e do futuro dos povos. O que têm em vista os autores sapienciais é o destino dos indivíduos, de Israel e dos seus vizinhos.
Tudo isso visto à luz da religião jahvista. Assiste-se a uma evolução da Revelação, pois a temática sapiencial aborda a vida do homem numa perspectiva profana iluminada sim