1P SEA CIDADE E MEMORIA
Sandra Mara Ortegosa
Galerie Vivienne, Paris século XIX [http://www.conexaoparis.com.br/2007/07/14/galerie-vivienne-charme-das-passagens-cobertas/]
Desde os anos 60, o tema da memória vem merecendo destaque cada vez maior nos estudos sobre as cidades, numa perspectiva de abordagem que se contrapõe ao pensamento e prática do Movimento Moderno Internacional, especialmente no que se refere ao descaso em relação às características históricas, geográficas e culturais que dão identidade ao lugar. Tal perspectiva vem reavivando o interesse sobre a obra de alguns pensadores, entre os quais Walter Benjamin, que privilegiava a leitura do texto inscrito nas cidades. Para Benjamin, cujo olhar tem-se mostrado uma das chaves de interpretação mais fecundas sobre a sociedade moderna, a memória é constituída de impressão, de experiência e sua importância e significado especial estão no fato de que ela é o que nós retemos e o que nos dá a nossa dimensão de sentido no mundo (2).
A arquitetura e os lugares da cidade constituem o cenário onde nossas lembranças se situam e, na medida em que as paisagens construídas fazem alusão a significados simbólicos, elas estão evocando narrativas relacionadas às nossas vidas. Assim, a maneira como interpretamos nossas experiências no espaço converte-se em nossa realidade e possibilita-nos dar significado ao nosso mundo físico. Com o passar do tempo, uma constelação de signos se estratificam na memória coletiva constituindo uma cidade análoga.
Como ilustra Maria Alice Rezende de Carvalho, “uma praça das grandes manifestações políticas, uma esquina boêmia, um ponto da praia com seu velho pier, um Café centenário, um edifício bisonho que parece ter resistido ao ímpeto destrutivo da moderna linguagem arquitetônica são os fundamentos dessa cidade análoga”, que se repõe insistentemente, mesmo que a cidade real se altere (3). Um dos aspectos fundamentais na vida de uma cidade,