1984: um mergulho na inexistência individual
O totalitarismo descrito por Orwell era centralizado no Partido (Party) e seus aparatos burocráticos controlavam totalmente cada área da vida, desde o trabalho à cultura, ao pensamento, à língua, à sexualidade e à rotina diária. O “drama” abre evocando freqüentemente “BIG BROTHER IS WATCHING YOU”. Rapidamente, passa o leitor a uma atmosfera opressiva, onde a onipresente televisão não é apenas uma via de propaganda governamental, mas também um objeto de vigilância constante.
Orwell, apesar de não ter acertado (ainda) o modo em que a televisão seria utilizada, conseguiu antecipar a importância do objeto nas casas e o seu uso como o mais avançado meio de comunicação além de um instrumento de “alienação” e controle social.
Usando uma técnica característica do naturalismo literário, em que produz imagens num entorno como se fosse um real extremamente pesado, o autor procede de uma forma que deixa claro cada ramificação do aspecto de uma sociedade tirânica e brinca com os medos do leitor sobre sua falta de poder e suas próprias experiências de opressão.
“The hallway smelt of boiled cabbage and old rag mats… Winston made for the stairs. It was no use trying the lift. Even at the best of times it was seldom working and at present the electric current was cut off during daylight hours… The flat was seven flights up, and Winston, who was thirty-nine, and had a varicose ulcer above his right ankle, went slowly, resting several times on the way.” (1984,