18 Loraine 1
Diferenças culturais e processos de mudança
}A verdadeira viagem não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos.~
M arcel Proust
por
H
L o r a i n e B o t h o m é M u ll e r
á uma variável fascinante e que atua com uma força por vezes tão avassaladora quanto impressionante: a cultura organizacional. Única, a mesma que pode ser considerada a “cola social”, a forma como não só “a empresa se comporta, mas como espera que cada funcionário se manifeste”. É usada para identificar e distinguir uma empresa de outra.
Desta forma, o presente artigo traz uma percepção sobre um processo de mudança organizacional cujo contexto mistura duas culturas nacionais distintas: a alemã e a brasileira e, no contexto regional, mais duas, a gaúcha e a paulista.
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R E V I S T A
D A
E S P M –
março / abril de
2010
A base de pesquisa para os fatos descritos foram entrevistas em profundidade, envolvendo supervisores, gerentes, diretores e o presidente da empresa em questão, além de pesquisa documental e bibliográfica.
Um processo histórico
A empresa em questão surge na década de 20, na Alemanha e, no início de 70, no Brasil. Tem um faturamento anual de mais de € 2 bilhões, exporta 88% de sua produção para mais de 160 países e conta com mais de 11 mil colaboradores. No RS são mais de 1.000 funcionários.
O modelo mental brasileiro é conhecido pela sua criatividade, não pela excelência de operação.
A empresa passou por um momento difícil e em 1980 a matriz deu um xeque-mate na filial brasileira: melhoria dos índices ou fechamento.
A empresa iniciou o projeto Produtividade: ajuda especializada, uso de literatura sobre Qualidade
Total, com os conceitos do PDCA e MASP e os índices de eficiência aumentaram de 50 para 85%.
A oportunidade de melhorar a imagem perante a matriz e as demais unidades veio de duas
“desgraças” naturais: um tornado nos EUA e um vendaval na Alemanha. Este início de exportação começou a mudar a