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Resenha de: ARÓSTEGUI, Julio. A pesquisa histórica. Teoria e método. Bauru: Edusc, 2006; FONTANA, Josep. História: análise do passado e projeto social. Bauru: Edusc, 1998.
A disciplina da mudança
Thiago Fontelas Rosado Gambi1
1. Introdução
A natureza da História como disciplina ou da ‘ciência histórica’ é aparentemente pouco pensada pelos historiadores. Uma disciplina do conhecimento é constituída por teorias e pela crítica dessas teorias. A partir desta tensão, a disciplina avança no conhecimento de seu objeto. Esta discussão, que mais parece da seara de filósofos da ciência, epistemólogos e metodólogos, não deve, todavia, ficar restrita a estes especialistas, mas fazer parte da rotina do historiador: o historiador ‘escreve’ a História, mas deve também teorizar sobre ela, quer dizer, refletir e descobrir fundamentos gerais a respeito da natureza do histórico e, além disso, sobre o alcance explicativo de seu próprio trabalho.
Sem teoria não há avanço do conhecimento2.
Porém, muitas vezes permanece em historiadores a não distinção entre prática empírica e trabalho historiográfico especulativo3. Talvez porque seu objeto seja demasiadamente amplo, uma vez que abrange todo acontecer humano, o que dificulta a conceitualização e a formulação de teorias da História. Talvez porque esteja na moda afastar a história da ciência e aproximá-la da arte, o que joga a preocupação teórica e crítica da elaboração do conhecimento histórico num plano inferior, insignificante até. A conseqüência da indistinção entre prática empírica e trabalho historiográfico especulativo é a ausência de reflexão sobre a natureza da disciplina ou
‘ciência histórica’.
1
Professor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Alfenas. Contato: thiago.gambi@uol.com.br 2
ARÓSTEGUI, Julio. A pesquisa histórica. Teoria e método. Bauru: Edusc, 2006. p. 24.
3
No caso da história econômica, interessante observar as diferentes atitudes metodológicas de historiadores e