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E a água se fez vinho...!!! E A ÁGUA SE FEZ VINHO...

Tu, porém guardaste o melhor vinho para o fim... (Jo 2, 3)

No evangelho de João os milagres são habilmente escolhidos, e via-de-regra entrelaçados com discursos de Jesus e reflexões do autor, constituindo “sinais” da ação concreta da glória do Verbo de Deus. O próprio evangelista indica a finalidade de sua obra:

...para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, Filho de Deus e, crendo, tenham a vida em seu nome (20,31).

João é o apóstolo que “viu e creu”, e por essa razão quer confirmar a fé dos que “não viram e creram”. Sob esse enfoque, o evangelho de João leva os leitores a tomar uma decisão entre duas possibilidades. De um lado, estão as trevas, a cegueira, o mal, o mundo, o príncipe do mundo; de outro lado está a luz significada por conceitos como ver, Espírito, a água viva, o pão da vida, a luz do mundo, o amor de Deus. Optar pelas trevas é “perecer”; optar pela luz é “ter a vida eterna”. Nesta luta, a cruz ocupa um lugar central. Quando chegar a “hora”, a sua crucifixão, Jesus triunfará sobre as trevas e entrará na glória, passando deste mundo ao Pai. Quem crê em Jesus participa, sem dúvida, dessa vitória.

As antigas homilias e catequeses do passado tornaram o episódio de Caná um fato corriqueiro demais. A visão popular conta que houve uma festa, faltou vinho, Jesus foi à cozinha, fez um “abracadabra” e transformou a água em vinho. Nós sempre fomos mais ou menos condicionados a uma interpretação bem simples, simplória até, eu diria, de um fato riquíssimo em significados, especialmente no que se tange à cristologia e à nova lei, que toma o lugar da antiga.

No Novo Testamento, esta alegoria bíblica é retomada em um sentido mais profundo, quando o próprio Filho de Deus, encarnando-se desposa a humanidade, unindo-a intimamente a si. Esta é a razão pela qual, quando Jesus quer expressar a alegria do Reino, ele estabelece uma comparação com uma festa de

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