1270300760 ARQUIVO Ajurematombada
7137 palavras
29 páginas
A JUREMA TOMBADA: MEMÓRIAS DE UMA EXPERIÊNCIA RELIGIOSALuiz Francisco da Silva Junior
Mestrando em História – UFCG lfsj-pb@hotmail.com Orientadora: Rosilene Dias Montenegro
Doutora em História – UNICAMP
Era 20 de junho de 2009, uma manhã de sol quente típica do litoral paraibano, quando de repente as ruas da pequena cidade de Alhandra, são invadidas por uma passeata que quebra com a cansativa rotina do lugarejo. Intitulada “passeata da paz”, era uma manifestação em defesa de uma árvore, a jurema, que para os que estavam ali neste protesto, não se tratava simplesmente da defesa de uma árvore, mas de suas crenças, pois a jurema carrega consigo um simbolismo sagrado, de uma religião que viria desde os índios, depois se misturando com os negros. Teria sido ali, em Alhandra, que haveria surgido a força da jurema sagrada, da ciência da jurema, para aqueles que professam esta fé, fazendo com que a cidade fosse fortemente marcada com a identidade de “cidade jurema”.
Os participantes, na sua maioria vindos de João Pessoa e Recife, antes mesmo de invadirem as ruas de Alhandra, fizeram sua primeira parada no memorial de Zezinho do Acais, um antigo mestre juremeiro que teria falecido as margens da estrada que vai para Alhandra. Ali num pequeno e simples memorial, construído para o citado mestre, fizeram oferendas, cantaram e dançaram para os mestres do além. Depois descendo um pouco mais a mesma estrada, fizeram a segunda parada, desta vez, no túmulo do Mestre Flósculo Guimarães1, atrás de uma capela dedicada a São João Batista. Lá se repete todo o ritual, as oferendas, cantam-se os pontos, e dança-se ao som dos tambores.
Saindo do túmulo do mestre Flósculo, atravessaram a pista, e exatamente do outro lado, agora de frente a capela, seguiram para a terceira atividade desta manhã, dançar, cantar e fazer as oferendas e homenagens a mais conhecida mestra juremeira da cidade de Alhandra, a mestra Maria do Acais. Ali naquele exato local onde se encontravam, nas terras do