123Já

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Hoje, quando vejo as fotos e relembro os tempos passados, tudo que me resta é um sentimento doce na boca, que por vezes se torna amargo e por fim se desfaz. Sentimentos de lembranças da época em que tinha tempo e podia fazer tudo, ser tudo, ou simplesmente não fazer nada. E de uma certa tristeza, por ter que inexoravelmente crescer e acabar com toda a magia e liberdade que havia. Lembro-me de quando um simples pedaço de papel dava asas à imaginação, se tornando dinheiro, aviões, barcos, chapéus, mostravam a família toda com direito a papagaio e companhia em desenhos, ou simplesmente recebia um rabisco ilegível, que poderia ser tudo que a imaginação permitisse. Época em que brincava na rua até o anoitecer, correndo atrás de outras crianças, me escondendo depois de tocar as campainhas da vizinhança, jogando bola e rindo como a criança que era. Banho era um terror, a menos que fosse de chuva ou mangueira, vendo os arco-íris se fazendo no céu ou sendo feitos ao jogar água para cima, molhando minha mãe e as roupas dela, o cachorro, o gato, as plantas, o telhado, e as coisas dentro de casa se a janela estivesse aberta. Época de ser explorado pelo pai, lavando o carro para ganhar algum dinheiro e comprar doces viciantes, e, por Deus, como eu adorava pedir três reais em balinhas de um centavo na padaria só para dar trabalho para o dono! E ainda fazia questão de conferir para ver se estava certo. E como era ótimo fazer minha mãe correr atrás de mim quando tínhamos compromisso e eu não queria ir, por mais que o final não fosse muito agradável e por vezes doloroso. Ah! Como tenho saudades daqueles tempos! Não tinha preocupações de ter que escolher uma profissão, ter que pensar trinta anos à frente em meu futuro, trabalhar, pagar contas, e principalmente, não tinha consciência de que nada dura para sempre, a não ser as memórias (e nem todas!!!). Crescer em grande parte é bom, mas em outras não é nada agradável. Não posso dizer que não aproveitei bem minha infância ,

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