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HOLANDA, Francisco Buarque. Fazenda Modelo: novela pecuária. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1974. por: Priscila Henriques Lima 1
Chico Buarque ao escrever a obra Fazenda Modelo: novela pecuária utilizou da alegoria e do grotesco para denunciar a limitação das liberdades de expressão, de imprensa, bem como as práticas de interrogatórios, prisões e torturas, muito comum no decorrer do regime militar de 1964, aplicadas àqueles que se mostravam opositores do governo ou simpatizantes das ideias comunistas.
A grande sátira do livro fica clara nos dois pilares que norteiam a narração: a questão dos grandes latifúndios e o medo da implantação de um governo comunista. As iniciativas de reforma agrária propostas pelo então presidente João Goulart, e que por essa e outras ficou caracterizado com um pensamento comunista, foram ás grandes motivações para que ocorresse o Golpe Militar.
Dessa maneira, a obra é uma alegoria do Brasil, onde encontramos bois e vacas submissos aos mandos e desmandos de conselheiro-mór, o Bom Boi Juvenal, numa alusão clara aos homens e mulheres que se submetiam ao governo militar, cuja proposta era o progresso, a ordem, baseados no controle da crise econômica e no desenvolvimento da mesma. Assim, em todo o enredo é possível perceber a alegoria da narrativa pecuarista representando o discurso político e ditador da época, com o cientificismo e as técnicas de produção sendo permeados por todo o período, tornando a leitura exaustiva e cansativa, entretanto essa sensação é provocada de maneira proposital. Para o autor, assim como no período do governo militar, a liberdade do indivíduo era usurpada pelo discurso dos princípios morais, em prol do bem maior. Impregnados pela idéia do milagre econômico, assim como a comunidade bovina aceitou pacificamente se submeter á liderança do boi Juvenal, a sociedade aceitou as restrições radicais do governo militar em prol do progresso, onde a