10 APOSTILA
TEORIA GERAL DO ESTADO
UNIDADE 1 – ESTUDO DA CIÊNCIA POLÍTICA
1 – A APTIDÃO DA CIÊNCIA POLÍTICA PARA A
COMPREENSÃO DO NASCIMENTO DO ESTADO
MODERNO:
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Estudar o Estado e suas relações com a sociedade implica, necessariamente, analisar os mais variados aspectos que envolvem o próprio funcionamento das instituições responsáveis por essa sociedade. Estado,
Governo, Democracia, Legitimidade, Poder são questões que, imbricadas, exigem uma disciplina para o estudo de suas complexidades: é aí que entra a
Ciência Política, forma de saber cujo objeto se desenvolve no tempo - sendo por isso histórica, no dizer de Bobbio - sofrendo contínua transformação, sendo impossível nela aplicar a experimentação, própria dos físicos e biólogos.
Lembra nesse sentido o mestre italiano que "não se pode reproduzir uma revolta de camponeses em laboratório por óbvias razões, entre elas, aquela que uma revolta reproduzida não seria mais uma revolta (note-se a
relação entre uma ação cênica, que se pode repetir indefinidamente e a realidade representada pelos acontecimentos: o Hamlet, de Shakespeare, não é o príncipe da Dinamarca que realmente viveu)''.
Em síntese, repetindo Bobbio, a Ciência Política, compreendido como ciência do homem e do comportamento humano, tem em comum, com todas as outras ciências humanísticas, dificuldades específicas que derivam de algumas características da maneira de agir do homem, das quais três são particularmente relevantes:
A - O homem é um animal teleológico, que cumpre ações e se serve de coisas úteis para obter seus objetivos, nem sempre declarados, e muitas vezes, inconscientes, não podendo a Ciência
Política prescindir, desse modo, da presença da psicologia e da psicanálise; B - O homem é um animal simbólico, que se comunica com seus semelhantes através de símbolos - dos quais o mais importante é a linguagem. O conhecimento da ação humana exige a decifração e a interpretação, destes símbolos, cuia