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Sua família tinha uma condição modesta, o que explicaria suas opiniões políticas favoráveis à democracia. Amigo de Péricles, foi escolhido para elaborar a constituição de Túrios(colônia grega). Agnóstico, Protágoras começa assim sua exposição em Sobre os Deuses : “Sobre os deuses nada sei, nem sei se existem, nem se não existem, nem qual é sua forma. Efetivamente, numerosos são os obstáculos para o sabermos, o seu caráter obscuro e o fato de a vida do homem ser curta”. Seu agnosticismo foi o pretexto para o processo por impiedade que sofreu em Atenas. Por causa de suas idéias democráticas, foi convidado a deixar Atenas e suas obras foram queimadas em praça pública.
Protágoras foi o iniciador do movimento sofístico, inaugurou as lições públicas pagas. Pretendia formar os futuros cidadãos. Professor itinerante, frequentou Eurípedes em Atenas e chegou a ir à Sicília. Ele recusa a existência de um princípio unificador transcendente: “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são”. Cada indivíduo é, certamente, a medida de todas as coisas, mas é uma medida muito fraca se permanece só com sua opinião. O discurso não partilhado constitui o discurso fraco. Mas, quando um discurso pessoal encontra a adesão de outros discursos pessoais, este discurso, reforçando-se com todos os outros, torna-se discurso forte e constitui a verdade. No mito de Prometeu e Epimeteu, Protágoras estabelece uma clara diferença entre a arte política e as outras artes. Uma vez que estas últimas são da alçada de especialistas, Hermes, aconselhado por Zeus, distribui entre todos os homens a virtude política, cujos dois componentes são a justiça e o respeito. “Que todos delas partilhem, diz Zeus; com efeito, as Cidades não poderiam crescer se apenas uns tantos delas partilhassem, como é o caso das outras artes” (Prot., 322 d). É por isso, conclui Protágoras, que os atenienses e as outras