1 sentimento de inf ncia o da
“No século XVII, de um infanticídio secretamente admitido passou-se a um respeito cada vez mais exigente pela vida da criança” Em grande parte pela cristianização dos costumes, as crianças começam a ser batizadas e ganham presença cada vez mais central nas representações artísticas. A alma da criança é reconhecida antes que seu corpo e associada com as novas práticas de higiene, as primeiras vacinas e ao controle da natalidade cada vez mais difundido surge um cuidado com os filhos vivos. Juntamente com isso, família torna-se o lugar de uma afeição necessária entre os cônjuges e entre pais e filhos, algo que ela não era antes.
A criança sai de seu antigo anonimato, ganhando uma crescente importância no meio familiar, incrementando-se os cuidados cada vez mais exigentes pela preservação de sua vida. Esse sentimento de família fortalece os laços entre mãe e criança e põe em destaque a construção de um novo lugar social da mulher, que será definido pela maternidade. No final do século XVII culmina o processo de algumas mudanças consideráveis, no que se refere às crianças, às famílias e aos costumes. A escola começa a representar o lugar da educação, em detrimento da aprendizagem no convívio direto com os adultos, de quem especialmente as crianças mais abastadas vão sendo paulatinamente separadas. Tem início seu enclausuramento, disciplinarização e vigilância constantes, por meio da escolarização e em decorrência do surgimento de um 2º sentimento vinculado à infância: o de fragilidade e inocência. Em contraposição à infância ignorada, ganha força o conceito da debilidade e da fragilidade da criança. Os costumes vigentes passam a prestigiar o recato do comportamento, o pudor com o próprio corpo, a reserva na linguagem e o controle sobre a convivência,