1 POLITICA DE A ES AFIRMATIVAS
1.1 Contexto Brasileiro
A questão racial marca o pensamento social brasileiro desde sua fundação. Na verdade, mais do que uma mera questão social, a raça se apresenta como um dramático dilema. Depois de enfrentar o impasse do racismo científico estruturado pelo pressuposto do darwinismo social, o ideal do branqueamento foi adotado por diversos intelectuais a partir dos anos 1920 e 1930, visto como solução que nos desviaria dos possíveis efeitos perversos e possivelmente degenerativos da miscigenação. Nesse período ganha espaço a tese do culturalismo, reinterpretando positivamente a história da miscigenação e considerando as contribuições da cultura africana para a formação social brasileira (Skidmore, 1993).
Desde então, havia sido poucos os escritores a dar atenção à etnografia e sociologia dos africanos e seus descendentes (Skidmore, 1993). Artur Ramos torna-se uma figura emblemática dessa época devido a seus estudos fecundos sobre a cultura afro-brasileira, pela sua contribuição decisiva para a fundação, em 1941, da Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia e, finalmente, por ter assumido a direção do Departamento de Ciências Sociais da Unesco em 1949. A Unesco, que tinha como pressuposto lutar contra o paradigma do racismo, patrocina nessa época diversas pesquisas sobre o negro no Brasil, convencida de que seríamos um exemplo, para o mundo, de convivência multirracial pacífica. (Skidmore, 1993; Maio, 1999)
Observa-se, portanto que, no Brasil, as percepções sobre o negro passaram por várias etapas, desde ser a causa da degeneração da raça, com o racismo científico, passando por elemento a ser assimilado e ‘amenizado’ pelo branqueamento e terminando por ser entendido como indivíduo enredado em relações sociais nas quais a questão racial toma diversos contornos simbólicos. O fortalecimento das organizações negras, sua articulação com ONGs e fundações internacionais e a recuperação do conceito de raça favoreceram para que