1. Gênero e sexualidade no contexto escolar
Ao longo da história da humanidade as questões de gênero sempre permearam a disputa do poder. A predominância de um ou de outro está relacionada com os símbolos de força vigentes em cada período e em acordo com as necessidades mais proeminentes em cada um deles. Por exemplo, no período em que a existência humana era basicamente fundamentada na agricultura, a figura da mulher e sua capacidade de gerar a vida eram altamente valorizadas e, associadas à fecundidade, conferiam-lhe um status privilegiado, refletindo-se inclusive nos cultos religiosos onde havia a predominância de várias deusas como GEA, a deusa da CRIAÇÃO. Uma vez tendo a humanidade caminhado pelas trilhas do confronto entre povos e da disputa territorial, ganha destaque a figura masculina onde predomina a força física e o poder bélico. Essa disputa de espaço, durante alguns milênios, tem transcorrido com uma grande predominância masculina e vem sendo articulada e garantida pelos vários mecanismos de controle e manutenção do status quo, entre eles a Igreja, o Regime Político, a Família (socialmente convencionada) e, obviamente, a Escola. Essas forças coordenadas incumbem-se de preservar a tradição e os bons costumes, de modo que cada um ocupe o lugar que lhe é devido.
Sendo a escola parte dessa engrenagem, e tendo nós educadores um papel fundamental de manutenção ou de transformação, haveríamos primeiro que transformarmos a nós mesmos e passarmos do papel de replicadores para o de questionadores da realidade vigente. De acordo com (MEYER, 2005) “caberia a nós, educadores e educadoras investir em projetos educativos que possibilitem mudar os focos usuais dos processos de ensino-aprendizagem vigentes: da busca por respostas prontas para o desenvolvimento da capacidade de elaborar perguntas; das certezas para a dúvida e para a provisoriedade; do caráter prescritivo do conhecimento pedagogizado para um enfoque que estimule a des-naturalização de coisas