1 Guerra Da Independencia De Israel
A anotação de um oficial da Legião Árabe em seu diário resumia todo o sentimento dos árabes na questão Palestina. As vésperas do final do mandato britânico, com os judeus prometendo fazer cumprir a partilha aprovada pelas Nações Unidas, a Liga Árabe sentiu-se convidada a invadir a Palestina para restaurá-la aos habitantes árabes. Entre seus membros, não havia dúvidas de que o intento seria alcançado sem dificuldades. Azzam Pasha, o secretário-geral da entidade, ainda se dava o direito de anunciar a dilapidação completa do inimigo. "Conduziremos um massacre para rivalizar com aqueles conduzidos pelas hordas mongóis", garantiu, logo no início das hostilidades.
Todavia, a confiança e a certeza dos invasores logo soçobraram. Sem um comando unificado, com soldados despreparados e com interesses completamente distintos entre si, os exércitos árabes foram surpreendidos pela resistência vicejante dos judeus. Pouco mais de duas semanas se passaram desde que David Ben-Gurion anunciou a independência de Israel, e os árabes estão muito longe de conquistar seus objetivos, com seus combatentes exauridos pelos prélios. A situação só é mais catastrófica para os palestinos: acredita-se que entre 200.000 e 250.000 deles tenham deixado suas casas, em pânico, rumo aos países árabes vizinhos nas semanas que antecederam o mandato e na primeira quinzena da invasão sem contar as outras tantas vítimas de embates fatais.
Árabes e judeus culpam-se uns aos outros pela expatriação dos palestinos, que causa preocupação na comunidade internacional e já é questão prioritária nos debates das Nações Unidas. Israel afirma que a fuga em massa foi incentivada pelos próprios governos árabes, não só a fim de abrir espaço para a invasão de seus exércitos, mas também visando criar comoção ao redor do globo. Com isso, ganhariam apoio para a causa palestina as imagens de famílias palestinas vagando pelo deserto carregando apenas a roupa do corpo e alguns jarros de água