09 Educa O E A Crise Do Capitalismo Real
Paulo: Ed. Cortez, 1995.
Os socialistas estão aqui para lembrar ao mundo que em primeiro lugar devem vir as pessoas e nao a produção. As pessoas não podem ser sacrificadas.
Nem tipos especiais de pessoas — os espertos, os fortes, os ambiciosos, os belos, aquelas que podem um dia vir a fazer grandes coisas — nem qualquer outra. Especialmente aquelas que são apenas pessoas comuns (...) É delas que trata o socialismo; são elas que o socialismo defende. O futuro do socialismo assenta-se no fato de que continua tão necessário quanto antes, embora os argumentos a seu favor não sejam os mesmos em muitos aspectos. A sua defesa assenta-se no fato de que o capitalismo ainda cria contradições e problemas que não consegue resolver e que gera tanto a desigualdade (que pode ser atenuada através de reformas moderadas) como a desumanidade (que não pode ser atenuada).
Eric Hobsbawn
A epígrafe de Hobsbawn é apropriada para começar estas breves palavras sobre o novo livro de
Gaudêncio Frigotto. Não apenas porque o historiador inglês constitui uma das referências permanentes
(tácitas ou explícitas) desta obra, mas também porque o seu conteúdo resume três das principais razões que orientam a estimulante reflexão teórica aqui proposta pelo autor do presente volume. Primeiramente, a necessidade de pensar as condições históricas que dão origem à profunda crise que atravessa hoje o
capitalismo real, ultrapassando as visões apologéticas e apocalípticas.
Em segundo lugar, a opção por realizar essa tarefa partindo de uma reflexão rigorosamente crítica desde a perspectiva do materialismo histórico; um materialismo histórico renovado e capaz de se reformular, ele próprio, à luz do colapso do socialismo soviético e da queda dos regimes comunistas da Europa
Oriental. Por último, embora certamente não menos importante, o livro de Frigotto propõe um enorme desafio ético: pensar e compreender
crise do capitalismo desde um
renovado