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BELO HORIZONTE1
Dalva Maria Soares2
Universidade Federal de Santa Catarina dalvamariasoares@yahoo.com.br Maria de Fátima Lopes3
Universidade Federal de Viçosa mflopes@ufv.br Introdução
A sociedade brasileira sempre se mostrou profundamente festeira. Esse festar nacional foi registrado por viajantes e estudiosos que se surpreendiam com a efervescência religiosa aqui existente. Desde a colonização, era comum o espanto de viajantes europeus não ibéricos que, quando aqui chegavam, viam festas “todo o tempo, por toda parte, e por todos os motivos” que “misturavam tudo e todos”. Não foram poucos os depoimentos de viajantes a respeito da representação cerimonial dos nossos festejos, populares ou oficiais, que caracterizava notável diferença entre a herança de nossas festas de rua e a das culturas americanas de origem anglo-saxã:
No Brasil, por toda parte encontra-se a religião ou o que receba tal nome.
Nada se pode fazer, nem observar sem deparar-se com ela de uma forma ou de outra. É o mais importante detalhe da vida pública e privada que aí temos.
As festas e procissões constituem os principais esportes e passatempo do povo, e neles os próprios santos saem de seus santuários, juntamente com os padres e a multidão, (e) participam dos folguedos gerais. Não levar tais fatos em consideração seria omitir os atos mais populares e esquecer os protagonistas favoritos do drama nacional (EWBANK, 1976, p.18).
O olhar estrangeiro era seduzido não só pelas grandes manifestações, como os carnavais do Rio de Janeiro ou da Bahia, mas também pelas inúmeras “festas minúsculas” espalhadas por todo País, nas quais “práticas africanas, indígenas e cristãs mesclam-se
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Essa comunicação traz alguns dos resultados obtidos na minha dissertação de mestrado “Salve Maria(s): mulheres na tradição do Congado em BH, MG”, defendida no PGED/UFV, sob a orientação da professora Maria de Fátima Lopes, em dezembro de 2009. Outras duas versões