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Essa consciência de si mesmo faz com que o ser humano possa, desde as fases iniciais de sua vida, identificar também os outros, que serão uma referência exterior diferente de si próprio. Como veremos a seguir, os outros, que podemos entender, grosso modo, como a sociedade como um todo, são parte também da construção do eu, pois servem como referência e identificação. É nessa dicotomia entre o eu e o outro que se dará a construção da identidade.
Observamos assim que a formação da personalidade não diz respeito apenas ao eu, mas também ao mundo que o circunda. Ela é fruto da relação entre o indivíduo e a sociedade.Estudos sobre os sonhos desenvolvidos por diversos pesquisadores mostram justamente isso. O sonho, proveniente da memória individual, carrega traços de influência do meio em que está o indivíduo.
Um desses estudos foi feito por José de Souza Martins na cidade de São Paulo. 180 habitantes da cidade descreveram seus sonhos ao pesquisador e sua equipe. Eles constataram que boa parte dos sonhos trazia menções a sensações de medo, insegurança e mal-estar, refletindo, portanto, a experiência que carregam por viverem numa cidade como essa. Além disso, os pesquisadores cruzaram essas narrativas dos sonhos com crenças e valores que carregam os indivíduos. Dessa vez constaram que, dependendo da religião, por exemplo, o entrevistado interpreta seus sonhos de uma determinada maneira.
Portanto, os sonhos também são importantes para a construção da identidade, pois dizem respeito a um processo psíquico que almeja a completude do Eu, além de