01velhinhos

História, imagem e narrativas

No 17, outubro/2013 - ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimagem.com.br

A passeata dos “velhinhos”1: um grito por dignidade na velhice no filme
Umberto D de Vittorio De Sica

Edilson Baltazar Barreira Júnior
Mestre e doutor em Sociologia pela UFC
Professor – ESMEC e FAMETRO
Núcleo de Estudos em Religião, Cultura e Política – UFC
Associado – SOCINE [e-mail] Resumo:
O artigo analisa o filme Umberto D (1952) do cineasta Vittorio De Sica, como uma obra clássica do neorrealismo italiano. O estudo sócio-histórico revela a condição de pauperização vivida pelos velhos na Itália após Segunda Guerra Mundial. A mobilização por reajuste nas aposentadorias é a porta de entrada para a discussão da velhice, a qual é particularizada na vida de Umberto. A análise associa velhice à aposentadoria e ao direito. Naquele momento histórico, a concepção de velhice ainda estava vinculada à exclusão. A aproximação conceitual entre velhice e direito é pertinente porque o filme denuncia a utilização da violência estatal para sufocar, o que é considerado legítimo em um Estado democrático e de direito. O protagonista, com reduzidos proventos, luta desesperadamente para não ser despejado, pois caso contrário seu destino é o asilo.

Palavras-chave: cinema, neorrealismo italiano, velhice, aposentadoria e direito.

1

Utilizo a palavra “velhinhos” aspeada, como uma homenagem a grande mobilização nacional vivenciada no
Brasil, no início da década de 1990, o que se denominou “a revolta dos velhinhos”. Seguindo as informações constantes nos trabalhos de Derbert (2004) e Simões (2000), verifica-se que este movimento iniciou-se em setembro de 1991, quando o salário-mínimo havia sido aumentado em 147,06%. A reação dos aposentados em todo o país foi muito intensa. O Poder Judiciário recebeu inúmeras ações das federações dos aposentados. Uma delas chegou ao Supremo Tribunal Federal. O Governo Federal, tendo a frente o Presidente Collor, afirmava