01 Koselleck Fichamento
Os conceitos históricos, sobretudo os políticos e sociais, foram cunhados para apreender os elementos e as forças da história. É isto que os caracteriza dentro de uma linguagem. Mas, em virtude da diferença que destacamos, eles possuem um modo de ser próprio, a partir do qual influem sobre as diversas situações e acontecimentos, ou a elas reagem. (p. 268)
I. "Época contemporânea" [neue Zeit] e "tempos modernos" [NeuzeitJ na teoria da história e na historiografia
A expressão tempo moderno — ou história nova — carrega consigo um lastro de conseqüências, resultantes da criação do conceito de Idade Média. Com os "tempos médios" — expressão ainda usual em Herder — percebeu-se a necessidade de designações para os outros tempos, o tempo anterior ou mais velho, e o tempo mais tardio ou moderno. Este último não se transformou logo em um conceito específico, ou mesmo geral. (p. 271)
Os dois conceitos de ligação com os tempos médios — Renascimento e Reforma —, hoje usuais, eram de início expressões muito concretas, e só aos poucos foram ocupando seu lugar em um esquema diacrónico. Nesse processo de longo prazo se esconde a evolução do conceito de um "novo tempo". A doutrina de um re-nascimento, uma "renaissance", conscientemente concebida como oposição aos tempos médios, precisou de muito mais tempo do que a "Idade Média" para se consolidar como um conceito geral do período. Enquanto os humanistas ainda privilegiavam os termos cie ação e as expressões adjetivas para estimular a mudança, o despertar ou o florescer, ou para descrever um renascimento, o termo técnico posterior só apareceu em meados do século XVI, episodicamente {" renascitá" em Vasari, 1550, e "renaissance" em Belon, 1553).9 Como conceito predominantemente da história da arte e da literatura, o "Renascimento" só se impôs com o Iluminismo, antes de no século XIX — por Michelet e Burckhardt — se transformar em conceito geral para um período. "Renascimento" não se impôs