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A música de experimentação brasileira tem um alemão como deflagrador: o flautista, maestro e compositor Hans Joachim Koellreuter. Foi ele quem trouxe para o Brasil, em 1937, o dodecafonismo, método de composição de vanguarda inaugurado por Arnold Schönberg, que vinha provocando debates acalorados na Europa. Diplomado pelo Conservatório de Música de Genebra, Koellreuter lecionou de 1938 a 1940 no Conservatório de Música do Rio de Janeiro e foi o responsável pela criação do movimento Música Viva, que combatia o folclorismo nacionalista da produção musical brasileira – o primeiro passo, acreditava, para que os músicos seguissem em busca de novas idéias. Logo, o alemão conquistou discípulos importantes, como um adolescente Tom Jobim (a quem deu aulas de piano, harmonia e contraponto), Moacyr Santos, o Severino Araújo (líder da Orquestra Tabajara) e o maestro Edino Krieger (que efetivamente levou adiante o dodecafonismo no contexto da música erudita contemporânea).
Em 1954, Koellreuter fundou em Salvador a Escola de Música da Bahia (onde mais tarde estudaria o tropicalista Tom Zé) e para ela chamou um violoncelista suíço que veio para o Brasil tentar a sorte e acabou tocando em rádios e cassinos: Walter Smetak. No porão da Escola, Smetak montou um laboratório de criação de instrumentos musicais não convencionais. Inventou e construiu mais de 150 deles, a partir de cabaças, ferro velho e tubos de plástico, e ainda montou com seus alunos o Conjunto dos Mendigos, para tocar seus instrumentos com as técnicas que havia desenvolvido. Compositor, teórico musical, pesquisador e místico, Smetak atraiu a atenção de jovens baianos que detonariam o movimento tropicalista (Gilberto Gil, Rogério Duarte) e influenciou outros experimentadores como o percussionista Djalma Corrêa e o pesquisador Marco Antônio Guimarães (fundador do grupo mineiro Uakti, que seguiu a linha de invenção de instrumentos de Smetak).
Na segunda metade da década de 60, o Tropicalismo abriu para a