A constituição do sujeito de direitos

o pú blico como se fosse privado, o papa Leão XIII afirmava em sua encíclica social Rerum Nova rum – 14: Posse e uso das riquezas (1891), que “o homem não deve ter as coisas exteriores por particulares, mas sim por comuns, de tal sorte que facilmente dê parte delas aos outros nas suas necessidades” (RERUM NOVARUM, 2008, p. 8). Ou como dizia as próprias Escrituras, “há mais felicidade em dar do que em receber” (Atos: 20,35). A tradição do pensamento social e político do cristianismo católico foi cristalizada, en fim, na chamada Doutrina Social da Igreja, nos séculos XIX e XX, através das Encíclicas So ciais Rerum Novarum (1891) do Papa leão XIII, Quadragesimo Anno (1931) do Papa Pio XI, Mater et Magistra (1961) do Papa João XXIII e Populorium Progressium (1966) do Papa Pau lo VI. Comparado com a tensão entre liberalismo e socialismo, a Igreja parece cavar uma li nha entre eles, e a Doutrina Social tanto pode ser lida como um manifesto pelo igualitarismo cristão, como um manifesto reacionário liberal. Politicamente, as encíclicas se opõem tanto ao liberalismo quanto ao socialismo. Condena a luta de classes, defende o direito à propriedade, a livre iniciativa e a livre associação, a distribuição de bens proporcional à participação na sua produção e o acordo de mútua responsabilidade entre empresários e trabalhadores. Façam os governantes uso da autoridade protetora das leis e das instituições; lembrem-se os ricos e os patrões dos seus deveres; tratem os operário, cuja