o homem cordial

1)“O Brasil é uma sociedade onde o Estado é apropriado pela família, os homens públicos são formados no círculo doméstico, onde laços sentimentais e familiares são transportados para o ambiente do Estado, é o homem que tem o coração como intermédio de suas relações, ao mesmo tempo em que tem muito medo de ficar sozinho”. A frase acima sintetiza o que seria o “homem cordial” segundo Sérgio Buarque de Holanda. Holanda usa o termo cordial, conforme sua origem etimológica “cordis”, que significa coração. O autor destaca que o brasileiro age muito com o coração, de forma emocional, utilizando menos o lado racional. Pelo fato de o brasileiro ter muitas atitudes emocionais, está cordialidade brasileira não se limita a algo polido, como o senso comum nos diz, mas faz com que sejam possíveis atitudes de extrema violência. Para este autor, o que diferencia o brasileiro do restante do mundo é à força da família na história do brasileiro. Em todas as relações sociais, o brasileiro busca uma aproximação, certa intimidade, indo à busca de uma familiaridade. Seria uma confirmação desta questão da aproximação, a utilização do sufixo “inho”, o qual não existe em várias outras línguas portuguesas utilizadas pelo mundo. Como o brasileiro tem o costume de agir com o coração, acaba tendo certa repugnância por aquilo que é extremamente formal e burocrático, tornando sempre as relações mais íntimas e familiares. O problema acaba sendo quando está cordialidade acaba se manifestando na esfera pública, fazendo com que o cidadão cordial, se aproprie de algo que é público, ou seja, transformando o que seria feito para o público, em privado.

2) Para Holanda, a cultura ibérica, neste caso específico o espírito de fidalguia, teve grande influência na formação do homem cordial. Os portugueses buscavam notoriedade, riqueza fácil e prosperidade. Holanda chamou este traço de ética da aventura, o que contrapõe a ética do trabalho. O aventureiro busca compensações imediatas, buscando se adaptar