Segall, Lasar - Bananal ((1927, óleo sobre tela, 87 cm x 127 cm)
Segall está aí em sua fase brasileira (1924 – 1928) e, portanto, a obra “Bananal” traz bastante a temática comum aos modernistas da busca pelo nacional. Segall então passa a pintar cenas tropicais e muda sua paleta escura, que costumava ter tons ocres para retratas as consequências da guerra na Europa.
Nesta obra, a figura centralizada e em primeiro plano de um homem negro é o elemento iconográfico mais forte da composição. Logo atrás dele, há uma densa plantação de bananeiras, que ocupam quase toda a superfície da tela, emparedando e acuando a figura do negro. Seu olhar vazio e translúcido, por onde tudo passa, também tudo aceita. Este negro é um ex-escravo no Brasil, sua figura é tanto o retrato de um negro-escravo conhecido de Segall da Fazenda Santo Antônio, quanto um tipo humano símbolo e delator da agonia social e psicológica sofrida por essa camada social no país. O primeiro plano desta figura, seu colorido mais quente e seu longo pescoço contrastante com a planicidade da vasta plantação ao fundo, só enfatizam seu lugar de importância social e embate. As linhas de contorno são sutis, estão aí para demarcarem os limites entre figura e fundo, que têm suas diferenças explícitas, mas também suas interligações: enquanto a figura central é extremamente expressiva e suas soluções plásticas remetem a máscaras africanas e composições cubistas, o fundo é preenchido com uma representação bem abstrata e descritiva do que seria este bananal, transitando entre formas geométricas e tons de verdes e azuis num caráter bastante ornamental. Ao mesmo tempo em que se separam, os dois elementos principais da obra são ligados por um terceiro: a paisagem ao fundo.
O enquadramento da cena só dá espaço a uma estreita faixa de céu na parte superior da tela, o bastante para