Reescrita em prosa do poema “A infanticida Maria Farrar”

Reescrita em prosa do poema “A infanticida Maria Farrar”

A minha vida não foi fácil. Os dias se passavam e a vida só me punia.
Sou órfã, menor de idade e quando percebi que estava gravida, isso significou o fim do mundo para mim. Chamo-me Maria Farrar, estou sendo condenada e passei a ser conhecida pela mídia como “Maria, a infanticida”, e o porquê desse nome? Simples, eu não suportaria por alguém nesse mundo para sofrer o tanto que já sofri, para sentir na pele as frustrações que a vida nos proporciona. Se minha vida já estava indo de mal a pior, com a chegada de uma criança o pouco da esperança que me restava para sobreviver, foi embora.
Passei minha vida toda trabalhando como empregada domestica, mantendo a casa dos patrões sempre organizada a fim de facilitar a vida deles, uma vida corrida que não há como conciliar afazeres domésticos com o trabalho profissional. Que contraditório, não é mesmo? Eu consigo facilitar a vida das pessoas, mas a minha que é uma verdadeira bagunça, nunca nem cheguei perto.
Certo dia, reparando mudanças estranhas no meu corpo, deduzi que poderia estar grávida. Isso já parece ser algo ruim para uma menina menor de idade e órfã. Agora, imagina para uma menina que é menor de idade, órfã e sofre abusos sexuais do seu patrão? Foi então, no dia que confirmei que estava à espera de um bebê, que me passou em mente uma solução para essa situação. No final do meu expediente, antes de ir embora, fui até o porão da casa que trabalho e apliquei duas doses de um produto que não é de meu conhecimento, apenas sabia que aquilo iria me causar um aborto. Ingenuidade minha achar que eu iria conseguir resolver um problema na minha vida, nunca consegui.
Passaram-se meses e ainda mantive a minha gravidez como segredo, mesmo com a barriga já entregando o crescimento da maldita criança. Enquanto tentava manter a minha vida, escondendo de todos esse infeliz acontecimento, chegou um momento em que as dores do parto me pegaram de forma inusitada. Meu