Recursos humanos e gestão do trabalho em saúde: da teoria para a prática
Recursos humanos e gestão do trabalho em saúde: da teoria para a prática
Célia Regina Pierantoni, Thereza Christina Varella e Tania França
Introdução
O processo de mundialização das economias, contrariando o ufanismo de melhoria na repartição das riquezas e de um mundo mais homogêneo, acirrou a assimetria entre os países, elevando os patamares de pobreza de um conjunto majoritário de nações que concentram dois terços da população mundial e estabelecendo novas formas de organização do Estado e de reestruturação produtiva. Essas são assentadas em três grandes eixos: novas tecnologias, novas formas de organização do trabalho e da produção e novas formas de gerenciamento.
Essa globalização contornou uma nova divisão internacional do trabalho, estabelecendo uma concorrência desleal entre países centrais, semiperiféricos e periféricos.1 As forças do mercado não operam no sentido da igualdade, mas por estímulo a padrões concorrenciais de eficiência definidos pela racionalidade do modelo econômico capitalista. Esse movimento reforça uma disponibilidade de postos de trabalho menos qualificados e mais mal remunerados nos países pobres (Pochmann, 2001):
Milton Santos (2001) considera que a pobreza decorrente da globalização assume dimensão diferenciada, ao que denomina de pobreza estrutural, de disseminação planetária, produzida pelas empresas e instituições globais.
Assim, as mudanças no mundo do trabalho apresentam reflexos significativos na organização societária e no deslocamento da centralidade
1
POCHMANN (2001) adota esse enfoque teórico para divisão da economia mundial, bem como apresenta a listagem dos países de cada grupamento. A título de exemplo, considera países do centro capitalista: Áustria,
Japão, Holanda, Estados Unidos, Inglaterra, entre outros. Países semiperiféricos: Austrália, Turquia, Portugal,
Rússia, Brasil, Coréia, África do Sul, entre outros. Países periféricos: Zaire, Nigéria, Marrocos, Jamaica, Barbados,