Certificação fairtrade: um estudo dos impactos do selo em duas cooperativas de pequenos produtores rurais
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Certificação Fairtrade: um estudo dos impactos do selo em duas cooperativas de pequenos produtores rurais1 Luciano Mendes2 Fabiano Santana dos Santos3 Resumo Essa pesquisa teve por objetivo investigar quais as alterações, positivas e negativas, identificadas na estrutura de duas cooperativas de pequenos produtores rurais após a obtenção da certificação fairtrade (comércio justo). As organizações estudadas foram a cooperativa dos Citrocultores Ecológicos do Vale do Caí (ECOCITRUS), localizada no município de Montenegro, Rio Grande do Sul, e a Cooperativa dos Agropecuaristas Solidários de Itápolis (COAGRSOL), situada no Estado de São Paulo. As duas cooperativas atualmente são certificadas dentro do comércio justo e exportam os seus produtos para diversos países. Como forma de obter as informações necessárias para responder aos questionamentos do estudo, foram realizadas 15 entrevistas em profundidade com representantes de ambas as organizações que estavam envolvidos no processo de adequação para a certificação. A interpretação das informações adquiridas deu-se através da técnica de análise de conteúdo. Além das entrevistas, os pesquisadores utilizaram analise documental por meio de informações obtidas em arquivos das cooperativas e outras fontes bibliográficas que tinham como foco de estudo a ECOCITRUS e a COAGRSOL. A análise dos dados obtidos fez com que os autores identificassem que as principais mudanças ocorridas nas cooperativas estavam ligadas a fatores financeiros e a visibilidade nas regiões de atuação. Dessa forma, os pesquisadores acreditam que adotar o comércio justo como princípio para as atividades ligadas à produção rural pode proporcionar a grupos de pequenos produtores organizados os recursos necessários para ampliação do seu mercado consumidor e benefícios diretos para todos os envolvidos.
1. Introdução
O comércio internacional dos dias atuais, pautado no modo de produção capitalista, assim como já ocorre há décadas, gera desigualdades não