texto base criminologia

3162 palavras 13 páginas
Como adverte Raúl Zaffaroni, no percurso histórico do controle penal, a identificação de determinados sujeitos ou grupos sociais como merecedores de uma punição diferenciada, nomeadamente mais rigorosa, não constitui relevante novidade. As idéias que legitimam uma “repressão penal plural”, dedicadas a traçarem as linhas divisórias da punição segundo o estatuto dos seus destinatários, fossem eles iguais ou estranhos (inimigos), sempre acompanharam, desde a antigüidade clássica, os universos das representações simbólicas punitivas. Suas sementes podem ser encontradas em Platão e Protágoras, quando o primeiro, por exemplo, identifica o infrator como pessoa inferior e, portanto, incapaz de ascender ao mundo das idéias puras, postulando a sua eliminação caso a incapacidade se apresentasse irreversível.
Jakobs refere-se a inimigo como alguém que não se submete ou não admite fazer parte do Estado, e por isso não deve usufruir do status de cidadão nem mesmo de pessoa . Distingue, portanto, entre cidadão e inimigo (mais precisamente, inimigo público) definido segundo disposições de ordem cultural ou moral, mas sobretudo a partir de interesses políticos, de dominação e poder.
Embora amplamente plausível e compreensível o esforço de interpretar-se o campo penal brasileiro a partir da noção de “inimigo” pintada por Jakobs, ante a visível emergência de um direito penal de exceção abertamente violador dos direitos e garantias fundamentais, pretende-se aqui propor uma interpretação distinta, uma vez que a dicotomia (ideal-típica) construída pelo autor alemão não se aproxima da realidade brasileira, posto que sequer logramos obter um paradigma liberal (de garantias), ou nas palavras de Jakobs, um “Direito Penal do Cidadão”, efetivamente consolidado
A pena, diz Jakobs, é coação de diversas classes mescladas em íntima combinação. Inicialmente, coação portadora de um significado, da resposta à desautorização imposta pela norma, ao ataque à sua vigência, visando manter a

Relacionados

  • Direito
    976 palavras | 4 páginas
  • Criminologia
    3055 palavras | 13 páginas
  • Resenha Crítica Criminologia
    834 palavras | 4 páginas
  • Resumo capitulo 4 criminologia e subjetividade no Brasil
    887 palavras | 4 páginas
  • Trabalho de Criminologia
    4912 palavras | 20 páginas
  • Criminologia
    4823 palavras | 20 páginas
  • teoria critica
    1835 palavras | 8 páginas
  • 2015511 21554 Modelo Fichamento
    1259 palavras | 6 páginas
  • O nascimento da criminologia no brasil
    1186 palavras | 5 páginas
  • FICHAMENTO DO TEXTO: CRIMINOLOGIA CRÍTICA E A REFORMA DA LEGISLAÇÃO PENAL
    567 palavras | 3 páginas