1-Caracterizar a neurofisiologia da consciência diferenciando-a da inconsciência Conceituação de Consciência e Coma, Não existe conceituação satisfatória de consciência e, por isso, utiliza-se uma definição com valor operacional: consciência representa um estado de perfeito conhecimento de si próprio e do ambiente. Existem dois componentes da consciência que devem ser analisados: • nível de consciência: grau de alerta comportamental apresentado pelo indivíduo; • conteúdo de consciência: é a soma de todas as funções cognitivas e afetivas do ser humano (memória, crítica, linguagem, humor). O nível de consciência e o seu conteúdo dependem de estruturas anatômicas distintas. Assim, o conteúdo de consciência depende da função do córtex cerebral. Lesões restritas do córtex levam a distúrbios às vezes restritos do conteúdo de consciência (afasia, apraxia, agnosia). Já o nível de consciência depende da interação entre uma estrutura situada na região pontomesencefálica do tronco encefálico (formação reticular ativadora ascendente– FRAA) e o córtex cerebral como um todo. Experiências em animais realizadas há alguns anos mostraram que a secção entre a medula oblonga (bulbo) e a medula espinal não alterava o grau de vigília dos mesmos. Já a secção entre os colículos superior e inferior mesencefálicos levava o animal a um estado de diminuição do nível de consciência (Fig. 7.1). A partir daí, concluiu-se que a região entre estes dois níveis de secção era importante para a ativação cortical. Outros experimentos demonstraram que pequenas lesões mesencefálicas mediais reduzem o nível de consciência e que a estimulação direta com eletrodos da formação reticular pontina alta e mesencefálica levava o animal à vigília.
A formação reticular é um agrupamento neuronal diferenciado, constituído por uma série de subnúcleos, cujos neurônios recebem colaterais de vias descendentes e ascendentes, de tal forma que eles integram uma grande quantidade de informações neurais. Portanto,